terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Hedonismo e pecado



O Pecado sempre foi um termo usado dentro de um contexto religioso, descrevendo qualquer desobediência à suposta vontade de Deus (em especial, qualquer desconsideração deliberada das Leis reveladas nas mais diversas Escrituras). No hebraico e no grego comum, as formas verbais (em hebr. hhatá; em gr. hamartáno) significam "errar", no sentido de errar ou não atingir um alvo, ideal ou padrão. Em latim, o termo é vertido por peccátu.



Perspectiva Judaica de Pecado

O Judaísmo considera a violação de um mandamento divino como um pecado. O judaísmo ensina que o pecado é um ato e não um estado do ser. A Humanidade encontra-se num estado de inclinação para fazer o mal (Gen 8:21) e de incapacidade para escolher o Bem em vez do Mal (Salmo 37:27). O Judaísmo usa o termo"pecado" para incluir violações da Lei Judaica que não são necessariamente uma falta moral. De acordo com a Enciclopédia Judaica, "O Homem é responsável pelo pecado porque é dotado de uma vontade livre ("behirah"); contudo, Ele tem uma natureza fraca e uma tendência para o Mal: "Pois o coração do Homem é mau desde a sua juventude" (Gen,8,21; Yoma,20a; Sanh105a). Por isso, Deus na sua misericórdia permitiu ao Homem arrepender-se e ser perdoado. O Judaismo defende que todo o Homem nasce sem pecado, pois a culpa de Adão não recai sobre os outros homens.


Tipos de Pecado e sua Gravidade

Pecado designa todas as transgressões de uma Lei ou de princípios religiosos, éticos ou normas morais. Podem ser em palavras, ações (por dolo) ou por deixar de fazer o que é certo (por negligência ou omissão). Ou seja, onde há Lei, se manifesta o Pecado. Pode ser tão somente uma motivação ou atitude errada de uma pessoa, e isso, é chamado de pecado "no coração". No intímo dos humanos e independente da Cultura a que pertença, existe necessidade de estabelecer princípios de ética e normas de moral. Quando se viola a consciência moral pessoal, surge o sentimento de culpa.

Chama-se pecado mortal o pecado que faz perder a graça Divina e que leva à condenação do crente; se não for objeto de confissão (admissão da culpa), genuíno arrependimento e penitência (retratação perante Deus). Chama-se pecado venial aos pecados que são menos graves e que não fazem perder a graça Divina. Para os Cristãos Católicos, a tríade que define o pecado mortal é:


*Matéria grave - precisada pelos dez mandamentos;
*Pleno conhecimento de estar cometendo pecado;
*Plena e deliberada adesão da vontade.

Comete-se um pecado venial quando não se observa, em matéria leve, a medida prescrita pela lei moral, ou então quando se desobedece à lei moral em matéria grave, mas sem pleno conhecimento ou sem pleno consentimento.

O pecado contra o Espírito Santo é o chamado pecado imperdoável. Subentende uma renegação contínua e deliberada do perdão Divino, bem como uma violação contínua da Lei Divina por parte do pecador.

A expressão pecado original ou pecado adâmico se refere ao pecado que foi cometido no paraíso Éden pelos primeiros humanos, Adão e Eva. A mulher teria sido o primeiro ser humano a pecar, e teria induzindo a Adão a pecar. O pecado original consistiu numa rebelião contra a Autoridade Divina. Em consequência direta do pecado de Adão, toda a humanidade ficou privada da perfeição e da perspectiva de vida infindável (o que é uma injustiça!). A existência do "pecado original" não justifica a prática deliberada do pecado (o que é um contrasenso!).

No Antigo Testamento, a doutrina da expiação é um conceito de justiça e misericórdia baseado no arranjo figurativo do sacríficio de animais. O sangue de um animal era derramado no altar como "resgate" dos pecados cometidos de natureza menor da Lei de Deus.

No Novo Testamento, a doutrina da expiação é a mesma do Antigo, mas figurando em Cristo "o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 1:29). Segundo a doutrina cristã, a morte sacrificial do Messias permitirá o resgate perfeito da humanidade obediente à Lei de Deus - eliminar o pecado adâmico e anular a sentença de morte. Obedece ao princípio bíblico "uma vida humana [perfeita] por uma vida humana [perfeita]". O papel de Cristo após a ressurreição é a de um advogado ("MEUS filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo." I João 2:1).


Perspectiva Católica

A doutrina católica distingue entre o pecado venial, que justifica somente uma punição temporária no Purgatório, e pecado mortal, que justifica uma punicão eterna no Inferno, se não confessado e não demonstrar genuíno arrependimento. Segundo a Igreja Católica, o pecado original só é purgado no indivíduo pelo batismo.


Lista de Pecados


Gula; luxúria; avareza; ira; inveja; soberba; vaidade; preguiça; mentira; arrogância; calúnia; adultério; roubo; orgulho e ódio são os vicios mais comuns, ou mais importantes, do comportamento humano, segundo o Catolicismo. A classificação atual é obra de São Tomás de Aquino, ainda que não tenha feito mais do que trabalhar em cima do já realizado por Gregorio I, o Magno, no ano 600.


Perspectiva Protestante

O segmento protestante, ou evangélico, não crê em purgatório, nem classifica os pecados como venial, mortal ou capital. Seguindo os preceitos bíblicos, não existe pecado pequeno ou grande, pois "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus"(Romanos 3.23). O pecado nada mais é do que a transgressão aos mandamentos de Deus, segundo I João 3:4 Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei. Pecado é um ato, pois "cada um é tentado, quando atraído e engodado pelo seu próprio desejo. Depois, havendo concebido o desejo, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte." (Tiago 1:14 e 15). Para que tenhamos salvação e desfrutemos da vida eterna, devemos tão somente crer ("Pela graça sois salvos, por meio da fé..." Efésios 2.8) que Jesus é nosso único e suficiente salvador, e confessar nossos pecados para sermos perdoados ("Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça" I João 1.9). Lembre-se também que é necessário arrependimento, e não somente remorso, que nos leva a cometer novamente os mesmos erros por não termos mais lembrança da "culpa" que nos abateu.



Hedonismo


Diante dessas perspectivas aterradoras, nós, pobres seres humanos mortais, vivemos num mundo de ilusão e de pecado, onde, assim como dizia Buda, "tudo é dor e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor".

A pergunta que fazemos é simples: "É errado sentir prazer?". Ou ainda: "Por que vivemos em meio a tanta dor e sofrimento, se nosso corpo (feito à imagem e semelhança de Deus) é capaz de sentir prazer?".

Se temos sentidos, por que o gozo desses sentidos são vistos como "pecado"? Quer dizer então que os conceitos de bom e ruim estão trocados? O que é bom faz mal, é pecado. O que é ruim e nos faz sofrer as piores dores é que é verdadeiramente bom? Francamente! Esse papo é meio sado-masoquista!

Opinião própria: pecado é excesso desmedido e irracional!

A gula só é pecado quando prejudica a saúde através da obesidade, diabetes e outras doenças associadas; a luxúria só é pecado quando se é irresponsável a ponto de se disseminar ou contrair DSTs e não prevenir gravidez indesejada; a avareza só é pecado quando tudo em sua vida passa a ter apenas um valor material; a vaidade só é pecado quando se torna egoísmo cego; preguiça só é pecado quando lhe torna incapaz de realizar coisas...

Tudo bem, concordo com alguns pecadinhos listados por São Tomás de Aquino, como a ira; a inveja; a soberba; a mentira; a arrogância; a calúnia; o roubo; o ódio... Esses, sim, não nos servem de nada. Mas ainda assim, a questão maior nisso tudo é lembrar que, independente de todas as doutrinas e filosofias do mundo, todos nós somos seres individuais, únicos e, como tal, temos nossa liberdade, nosso livre-arbítrio. É isso que deve estar em primeiro lugar, sempre!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Permitam-me introduzir...


Hedonismo

Para começo de conversa, acho bom deixar bem claro, para que não haja dúvidas, o que é o hedonismo, para não corrermos o risco desnecessário de sermos confundidos com meros pervertidos sexuais...

O hedonismo (do grego hēdonē que significa prazer) é uma teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma ser o prazer individual e imediato o supremo bem da vida humana.


Surgiu na Grécia, na época pós-socrática, e um dos maiores defensores da doutrina foi Aristipo de Cirene (esse da imagem). O hedonismo moderno procura fundamentar-se numa concepção mais ampla de prazer entendida como felicidade para o maior número de pessoas.

Conceitos Básicos

Hedonismo é a tendência a buscar o prazer imediato, individual, como única e possível forma de senso moral, evitando tudo o que possa ser desagradável. O contrário do Hedonismo é a Anedonia, que é a perda da capacidade de sentir prazer, próprio dos estados gravemente depressivos.

A teoria socrática do bom e do útil, da prudência, etc., quando entendida pela índole voluptuosa de Aristipo, leva ao hedonismo, onde toda a bem-aventurança humana se resolve no prazer.

A idéia básica que está por trás do hedonismo é que todas as ações podem ser medidas em relação ao prazer e a dor que produzem.

Podemos dizer também, numa linguagem mais simples, que o hedonismo é a arte de ser, não a de ter. E a arte de ser é a sabedoria ascética do despojamento: não se cobrir de honras, de dinheiro, de riquezas, de poder, de glória e outros falsos valores ou virtudes, mas preferir a liberdade, a autonomia, a independência. A escultura de si é arte dessa técnica de construção do ser como uma singularidade livre. O hedonismo não é a mesma coisa que o consumismo, é exatamente o oposto. É o antídoto. O consumismo é o hedonismo liberal e capitalista que afirma ser a felicidade a posse de bens materiais.

De Epicuro a Bentham

Perspectiva antiqüíssima a que Epicuro dá nova formulação, quando admite os prazeres morais e não identifica a felicidade com o prazer imediato. Esta senda vai ser retomada pelo utilitarismo de Bentham, para quem há uma graduação da moral. A tese está intimamente ligada ao contratualismo, à idéia de que é possível a realização do máximo de utilidade com o mínimo de restrições pessoais, numa perspectiva que reduz o direito a uma simples moral do útil coletivo.

Libertando-se deste critério quantitativo da aritmética dos prazeres, Stuart Mill assume o critério da qualidade e formula a lei do interesse pessoal ou princípio hedonístico: cada indivíduo procura o bem e a riqueza e evita o mal e a miséria. Desta forma, a moral do interesse individual de Bentham aproxima-se de uma moral altruísta ou social.

Valores

Há valores sensíveis ou inferiores e valores espirituais ou superiores. Entre os primeiros, destacam-se os valores hedonistas (do agradável e do prazer), os úteis, ou econômicos, e os vitais ou da vida; entre os segundos refere os valores lógicos, estéticos, éticos e religiosos.

Resumindo...

Não somos tarados! Apenas evitamos os desprazeres da vida... (rsrsrs)